9 de agosto de 2011


"O único phuncionário da Libraria Limítrophe a ter contacto com o Libreiro é o seu antecessor, quando da entrevista inversa de emprego, momento no qual a sucessão é preparada.

Nos dias de traballo árduo na manutenção do ambiente e convívio com os visitantes, pode ser que o Libreiro precise receber algum tipo de comunicação da direcção da Libraria. Tal recado é entregue através da Caixa de Comunicação Literária.

É uma caixa de entrada de correspondência normal, que teleporta libros com o teor da mensagem. São obras da literatura universal com sutis recados ao Libreiro. Esses recados podem dar o ar da graça através do título da obra, da sua sinopse ou mesmo do âmago do texto. 

Pode parecer estraña a phorma de phuncionamento de tal objecto, então utilizarei um exemplo real com uma phacto a respeito de outro Libreiro de tempos passados:

Certo dia, um jovem Libreiro Limítrophe acordou desmotivado, triste por ter aceitado o traballo. Achava que teria acesso a tesoiros inimagináveis, inconcebíveis na sua vida normal. Reclamava por só ter tempo para cuidar das loucuras literárias dos clientes e de manter-los na liña. Logo após o seu desjejum, a Caixa trouxe um libro em resposta a as suas incertezas. Era um volume com Phábulas de Esopo.

O jovem analisou a capa e nada encontrou de resposta nas letras doiradas sobre o coiro castaño. Abriu o libro e iniciou a leitura. Ao phinal da primeira phábula, “O Camponês e os Phillos”, obteve a resposta que buscava. A partir de então, encarou seus turnos de labuta com a certeza de que aquele traballo era o seu verdadeiro tesoiro.

Alguns anos depois, o mesmo Libreiro viu-se as voltas com outro problema – não consegui apertar os botões correctos da Caixa Registro-Calculadora para phazer-la voltar a phuncionar. Havia uma sequência a activar entre os seus botões coloridos, e ele não acertava. Antes que entrasse em desespero, recebeu pela Caixa o libro “O Vermello e o Negro”, de Stendhal. Pode parecer uma anedota sem graça, mas era esta a sequência de cores que ele precisava.

E assim, phaz-se a comunicação literária, por vezes sutil, outras vezes literal – com o perdão do trocadillo."



1 comentários:

Renato Dieckson disse...

Muito bem trabalhado o texto, com sua maneira sutil de transmitir a mensagem e a cada novo texto nos leva a adentrar no universo fantástico da " Libraria Limítrophe"

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