21 de abril de 2011
Quando o M. D. Amado me falou que tinha uma ideia muito doida para a capa do Livraria Limítrofe, pensei que se referia a um desenho diferente que estava pensando em colocar nela. Mesmo quando me explicou pela primeira vez do que se tratava, num bate-papo rápido e informal, não entendi o conceito real da coisa.
Imaginava que o “livro sem capa” seria um “livro sem desenho na capa”, algo como aquelas edições antigas de capa marrom com letras douradas. Ao apresentar esse questionamento, ele disse “não, cara, é um livro sem capa mesmo; imagine um livro normal, do qual você arranca a capa e fica só o miolo”. Parei, pensei, abstraí o conceito, pensei de novo. Caramba! A ideia era doida mesmo!
Houve certo conflito interno, enquanto eu pesava os prós e contras. A capa é como se fosse o rosto de uma pessoa, um cartão de visitas! Atualmente, temos tantos trabalhos primorosos em relação a esse item, e o meu livro teria apenas uma folha de rosto branca como primeira impressão. Seria desastroso, em uma sociedade cada vez mais orientada à imagem, às primeiras impressões. Isso me levou a filosofar um pouco mais sobre esse assunto.
A primeira impressão é a que fica, certo? Errado! Quantos homens com terno impecável, gel no cabelo e barba bem feita sacaneiam as pessoas todo dia? Quantas mulheres de cabelos tingidos com a cor da moda, seios siliconados e toneladas de acessórios sofisticados mostram níveis intelectuais similares aos de um Teletubbie, após cinco minutos de conversa? Vivemos em uma sociedade que valoriza mais jogadores de futebol do que professores ou engenheiros. Um carro potente faz mais diferença que um título de doutorado.
Sempre fui contra essa tirania da imagem, onde a embalagem é mais importante do que o produto. Parafraseando uma campanha publicitária de alguns anos atrás: imagem não é nada, conteúdo é tudo. Foi então que pensei: porque estou remoendo esta decisão aqui, e não topo logo a proposta estranha da Editora Estronho? Rapidinho, dei o meu OK.
Não julgue o livro pela capa. Já fazia um bom tempo que não ouvia essa sábia frase. Tenho certeza de que muitos egos inflados por aí tomariam a proposta como uma restrição ao seu “fabuloso trabalho”, ou até como uma ofensa a um “valor literário sem precedentes”. Matei meu ego há alguns anos, e desde então faço as coisas por gosto, e não por dinheiro, fama ou status. Este episódio só serviu para confirmar isso.
Pois bem, senhoras e senhores, é com muito gosto que apresento a vocês a não-capa do Livraria Limítrofe, que por algumas semanas despertou a curiosidade do pessoal no Twitter.
A esta altura do campeonato já não é mais novidade a revelação desse material, mas mesmo assim eu fico satisfeito em contar como tudo aconteceu. Agradeço ao Marcelo e à Celly por terem me achado louco o suficiente para topar essa empreitada. Que a Livraria seja julgada unicamente pelo seu conteúdo, pois é isso que importa! Abraços a todos, e até o próximo post!
Marcadores: curiosidade
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6 comentários:
Acreditamos e confiamos em você e no seu trabalho, mocinho. Agradecemos por confiar e acreditar no nosso, também. =)
Ow véio, isso ai ficou da hora viu, grande idéia de mentes fantásticas! Valeu por compartilhar conosco o causo que originou toda a história ^^
Muito bom! A idéia é sensacional mas não consigo imaginar como vai ficar o acabamento da lombada...
Com certeza vou comprar pra descobrir! kkk
Excelente. Não importa a capa do livro, a mensagem que ele passa fica, é imortal, como uma capa nunca poderá ser. Assim como uma pessoa, não importa sua beleza, ela é finita, enquanto a alma transcende.
Mas tirando isso, vou ser sincera: Ficou lindo demais! Vai ficar uma graça o livro dentro da caixinha. *-* Um verdadeiro presente para o leitor.
Natália
É acho que era o toque que faltava né?.excelente a arte da capa,boa sorte agora vcs são um a vitrine do outro e sei que terão mais do que o retorno esperado!
"BOA SORTE AMIGOS!
Gostei de tudo...
Pude ler algusn capítulso e amei...
Alfer é o cara!
Abraços, grande amigo!
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